Ainda hoje, depois de todos estes anos, fico espantada com as coisas que
vou descobrindo acerca de espiritualidade e evolução. Percebo cada vez
mais que o que aprendemos na nossa infância e adolescência é o oposto do
que a vida depois irá pedir-nos. E quando crescemos, já estamos tão
viciados nos comportamentos adquiridos, que acabamos por ensinar às
nossas crianças tudo o que aprendemos, perpetuando assim padrões
espiritual e energeticamente equivocados.
Chorar, por exemplo. Ensinam-nos que devemos ser fortes e que chorar é
uma fraqueza. Ensinam-nos que as emoções não têm assim tanta
importância, e que devemos ser lógicos. E a vida pede o oposto disso.
Pede fragilização. Pede que façamos cada luto das perdas que temos, de
cada uma das perdas, da mais ínfima à maior.
E como estamos sempre a tentar ser fortes, a seguir a lógica da nossa
mente, não conseguimos dar o que a vida pede, e... aí vem mais perda.
Porque a vida é incrivelmente cirúrgica. Eu costumo dizer que sou
terapeuta, mas a vida é uma terapeuta muito mais poderosa. Mais precisa.
Mais rude, até. Porque para a vida, ou vai ou racha.
Uma das coisas que a vida nos obriga é a fragilizar. E porquê?
Fragilizar é entrar em contacto com as nossas emoções. E entrar em
contacto com as nossas emoções é priorizar a nossa Alma.
Quando a pessoa está invadida pelo ego, só pensa pela lógica. Tudo tem
que ter lógica. O ego é um sistema de sobrevivência que já vem desde o
tempo do homem das cavernas - era o ego que fazia os homens dessa época
pensarem pela lógica para sobreviverem. Era a lógica que os fazia caçar,
pescar, aquecer-se. As emoções não lhes traziam sobrevivência. Até aqui
está tudo certo. Só que hoje, todo o corpo subtil do ser humano já está
mais avançado, mais evoluído. A Alma está mais desperta, e quer
manifestar-se. E ela só se manifesta pelas emoções. E como o ego quer
sempre dominar pela lógica, pela mente, tenta matar as emoções... sem
perceber que está a tentar matar a Alma.
E por isso é que é tão importante equilibrar. Equilibrar o ego e a Alma.
Equilibrar a mente e a emoção. Enquanto na época das cavernas não era
preciso equilibrar nada, porque o ser humano ainda estava numa fase
muito inicial da sua evolução, agora, o passar do tempo vai pedindo
novos passos, novas etapas. Agora, o que está a ser pedido é realmente
este equilíbrio. Por isso tanta literatura acerca da Alma, acerca da
espiritualidade, acerca da Conexão.
E porquê? Porque precisamente agora está na hora de o ser humano pôr o
ego um pouco de parte - tem sido exageradamente exacerbado - e
equilibrar com a Alma.
A fragilização é o que mais equilibra ego e Alma. Quem é que sente? É a
Alma. A Alma não pensa, ela sente. Basta uma pessoa não aceitar fazer
esse processo de fragilização, vai começar a atrair alguns eventos
negativos, para obrigar a fragilizar, para obrigar a sentir. Qual é a
melhor forma de deixar de atrair os eventos negativos? É fragilizar,
isto é, é viver com as emoções. As pessoas que vivem com a emoção à flor
da pele atraem menos eventos negativos. Porquê? Porque já não é
preciso. A vida já não pede para fragilizar, porque a pessoa já está
fragilizada.
Quanto mais nós nos fragilizamos, mais percebemos que afinal não é tão
mau, não é tão ruim o estar sensível. Pelo contrário. É um dom. É muito
bom. Quando a pessoa está sensível, ela consegue sentir-SE.
E não há nada que faça a vida ter mais sentido do que uma pessoa conseguir sentir-SE.
Alexandra Solnado
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