A Raiva é uma emoção negativa. Sim, sabemos. É uma emoção explosiva, que
aparece quando menos esperamos e que é muito difícil de controlar.
Também já sabemos.
O que poucos de nós sabemos é que a raiva é resposta direta a uma outra
emoção, igualmente negativa mas extremamente terapêutica.
A raiva é o "airbag" da tristeza. Sempre que estamos com raiva é porque
no minuto anterior, no momento imediatamente anterior, ficámos tristes.
Alguma coisa nos entristeceu. E porque temos muito medo de ficar
tristes, temos muito medo de ir à nossa dor - porque pura e simplesmente
não sabemos o que fazer com ela - então chamamos as nossas defesas... e
atacamos.
No fundo a raiva, o ataque, é a forma que encontramos para não termos
que gerir a nossa dor. O que acontece é que, ao não encarar a dor, ao
não nos entristecermos, ao não chorarmos quando dói, deixamos de fazer
os nossos lutos, e consoante isso vai acontecendo, as dores, as
tristezas vão ficando por drenar, por libertar. Vão ficando presas.
E isso é exatamente o que se chama Karma. Karma é uma dor da qual não se
fez luto. E essa dor, por não ser drenada, chorada, libertada, vai-se
comprimindo e provocando um buraco negro energético, com um campo
magnético fortíssimo. Esse buraco negro emocional mora na nossa dimensão
energética, e o íman resultante atrai acontecimentos e situações que
irão provocar mais da mesma dor, mais, mais, até a pessoa se render e
conseguir chorá-la. É a vida a dar-nos oportunidades de fazer o luto
daquela mesma dor. E é mesmo, sempre a mesma dor. É aquela que há
séculos nos recusamos a aceder.
No dia em que uma pessoa consegue chorar essa dor, no dia em que
consegue aceder, chorar, fazer o luto, provavelmente essa dor vai-se
libertar e nunca mais vamos precisar de atrair situações que a ativem,
porque ela pura e simplesmente não estará mais lá.
Alexandra Solnado
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